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Americanas: déjà vu e considerações

Por ALAIN WINANDY (direitos reservados)

O case da americanas tem características a se considerar, apesar da forma como ocorreu. Atinge uma grande empresa, com vendas significativas, empresa com um dos maiores marketplaces do brasil.

Talvez nem todos saibam, mas o grupo Pão de Açúcar, no início da década de 90, em outro contexto, por outros e diversos motivos, mas, também um dos maiores varejistas da época, passou por situação difícil com esta que agora acompanhamos na americanas.

Nesse período eu estava lá, na área comercial de não alimentos, para a bandeira Supermercados Brasil. Área comercial, em vários varejos, se refere a área de vendas, no caso de supermercados, à área de compras.

A situação era bem difícil. Tínhamos que comprar, abastecer as lojas, evitar rupturas, revisar e adequar a linha(mix) de produtos, sem poder dar garantias ou contrapartidas, sempre consultando e em contato bem próximo da área financeira, por conta da disponibilidade do fundo de caixa para podermos liberar pagamentos aos fornecedores.

Estes, por sua vez, também não tinham margem de negociação para as novas compras, apesar o interesse de resgatar o que já tinham em haver com a empresa, mas, tinham postura muito positiva para que a empresa se recuperasse e em sua grande maioria, direcionavam esforços para tal, o que foi importantíssimo para o momento.

Foi um período em que a negociação teve de ser conduzida com cuidado com base na confiança e relacionamento entre as partes, sem as imposições de poder de ambos os lados, existentes na cultura da época (que infelizmente ainda se observa hoje em dia em várias empresas).

Por isso, sei o que a empresa e seus profissionais estão passando, mesmo sem saber do que vem pela frente, tanto na área comercial, na logística, nas lojas, enfim, nas diversas áreas da empresa, lutando para que desse certo, sem levar em conta ou questionar os motivos que levaram a essa situação, e, tendo vivenciado isso, me identifico e solidarizo com o momento e com estes profissionais.

Lembrando que era outro contexto, outros problemas, outra empresa, com esperança que o quadro atual da Americanas seja diferente, na profundidade de ajustes, que deverão acontecer: o Pão de Açúcar, na época, chegou a fechar mais de 300 lojas (mais de 60% das que tinha) e reduzir seu quadro na mesma proporção em seguida.

A experiência que passei na época, seja na área comercial, em negociação, com a importância da parceria, do relacionamento, dos resultados conjuntos, da postura ganha-ganha foram muito úteis quando assumi loja autônoma em seguida, e, somados com essa experiência na área operacional (loja) para superar as dificuldades do período na sequência, na busca de resultados, e, para minha formação como profissional, a qual estou sempre grato e procuro retribuir ao setor de alguma forma.

Além de toda essa importância social, há também a importância para todos nós, já que quanto maior a concorrência, maiores os benefícios para a competitividade, de preços e de desenvolvimento/aperfeiçoamento das empresas, repassados a todos os consumidores, a levar em conta pelos envolvidos nessa recuperação.

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